Conheça o Sertão

Gruta dos Brejões

A Gruta dos Brejões é um lugar incrível que merece ser visitado por todos que se interessam por natureza e aventura, não importa onde se esteja: em outra cidade, em outro estado, do outro lado do país ou mesmo no exterior. Em todos os casos, não faltam motivos que justifiquem uma visita para a Gruta dos Brejões.

Seja pela beleza ou pela grandeza do lugar, ou mesmo pelo espírito de aventura envolvido nesse passeio, o apelo do lugar é muito forte. Com uma entrada majestosa e um pé-direito de 120 metros, a gruta se estende por quase oito quilômetros que podem ser percorridos a pé em cerca de sete horas.

O caminho é tortuoso, o piso é acidentado (formado principalmente por rochas soltas), a escuridão é total e o esforço para chegar nas saídas não é pequeno. Mas tudo é altamente recompensador e a experiência vale para toda a vida.

Para chegar na Gruta dos Brejões deve-se inicialmente ir até Morro do Chapéu, município baiano onde a mesma está localizada. O município fica a cerca de 350km de Petrolina (PE), mas para chegar na Gruta dos Brejões ainda é necessário dirigir por mais cerca de 110km, totalizando um percurso total de 460km. Estes 110km finais são divididos em dois trechos: o primeiro, com cerca de 60km de asfalto (pela BA-052), que segue no sentido de Irecê (BA) e depois entra à direita até Soares; o segundo, com cerca de 50km de estrada de terra, segue até o povoado de Brejões passando antes pelos povoados de Mata do Milho, Riacho e Salina.

Algumas pessoas preferem se hospedar em Morro do Chapéu (BA), seguir cedo para a Gruta dos Brejões, caminhar pela gruta e retornar no final da tarde. Esta opção, no entanto, é extremamente cansativa e irá, com certeza, impor limitações na exploração da gruta e do seu entorno. Por isso, recomenda-se fazer a visita com mais calma, pernoitando se possível no próprio povoado de Brejões. O povoado é pequeno e não há pousada, mercado ou restaurante. Por isso, tudo precisa ser improvisado e combinado previamente com os moradores do local ou algum guia de Morro do Chapéu (BA). Ainda assim, esta é a melhor forma de conhecer e explorar a região.

O passeio pela gruta deve ser feito necessariamente com um guia, já que o caminho interno é repleto de bifurcações e salões que são pouco ou totalmente inexplorados. No próprio povoado, no entanto, é possível fazer contato e contratar um guia que conhece bem as entranhas da gruta. O percurso começa cedo, por volta das sete horas da manhã, e termina no final do dia, por volta das 18h. É preciso levar água, lanches, kit de sobrevivência e tudo mais, visto que não há absolutamente nada ao longo do caminho. Lanternas são indispensáveis já que, um pouco depois da entrada e um pouco antes da saída, a escuridão é total é não há possibilidade de orientação sem o uso da luz.

Roupas, calçados apropriados e resistentes ao contato com rochas, água e areia também são necessários. O percurso interno é todo feito em cima de rochas soltas, pontiagudas e afiadas, representando perigo adicional. Num certo ponto, uma claraboia ilumina uma parte interna da gruta e serve como ponto de parada para tomar uma água ou fazer um lanche enquanto se recupera o fôlego.

Ao longo do caminho existem salões imensos e pequenos, com as formações mais variadas no piso, no teto e nas paredes. O pé-direito também varia bastante, sendo de mais de 100 metros em alguns pontos, e de pouco mais de um metro em outros. Nestes últimos, deve-se agachar ou se arrastar pelo chão para conseguir seguir em frente. A temperatura também sofre variações, sendo extremamente quente em alguns salões, bastante fresca e até com alguma ventilação em outros.

A grandiosidade das formações rochosas encontradas ao longo do caminho é o que mais impressiona. São salões imensos, pilares e lajes de dimensões inacreditáveis e, na última linha, a convicção de que a obra da natureza é mesmo muito maior, mais impactante e mais complexa do que a obra do homem.

Depois do primeiro trecho de gruta, da primeira claraboia e do segundo trecho de gruta, têm trechos externos, que depois levam novamente para dentro da gruta, num terceiro trecho a ser percorrido. Depois da saída definitiva, são cerca de 10km para voltar até o povoado. O caminho segue ao longo do leito do rio Jacaré e permite conhecer as pinturas primitivas de dois sítios arqueológicos. No final do dia, depois de cerca de 18km de caminhada, a exaustão é imensa, mas a sensação de missão cumprida e a chance de passar por lugares tão incríveis se tornam o centro de uma experiência de vida inesquecível.

Nada disso, no entanto, é possível sem muito planejamento, sem a ajuda de guias locais e também sem a colaboração dos moradores do povoado de Brejões. Assim, não vale a pena se arriscar sem antes cuidar de todos esses aspectos. Além do conforto, a segurança também é um item que deve ser levado em consideração em todos os momentos dessa aventura.

Tanta beleza e tão rico patrimônio cultural e natural ainda não dispõem de nenhum tipo de assistência, exceto pelo fato de estarem situadas numa Área de Proteção Ambiental (APA), mas que, infelizmente, os mecanismos de conservação são insuficientes. Tudo isso, no entanto, ainda parece muito pouco face ao potencial turístico que a região oferece e às necessidades daqueles que desejam conhecer o lugar sem tanta exposição e tanto planejamento.

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