Generosa Gomes de Sá, falecida na década de 1950 aos 114 anos de idade, era amiga de Lampião e do seu bando. Provia as suas necessidades (era sua “coiteira”) e recebia, em troca, proteção para ela e a família. Entre outras coisas, ela organizava bailes que eram muito apreciados por Lampião e o seu bando.
Dona Generosa e o marido moravam na zona rural de Paulo Afonso (BA), perto do povoado conhecido como Riacho, não muito distante da antiga casa de Maria Bonita.
O conjunto arquitetônico é composto por algumas casas de alvenaria (numa morava Dona Generosa e nas outras moravam os seus filhos adotivos e empregados), uma capela onde atualmente estão enterrados Dona Generosa e o marido, além de um pequeno cemitério. Do lado de fora da capela é possível ver, cravados na parede, os símbolos gráficos usados por Lampião no seu chapéu de couro, uma última homenagem daquela que desfrutava da intimidade do temido cangaceiro. Se as casas estão em ruínas, mas ainda guardam a sua imponência original, a capela está bastante preservada.
Ao fundo do conjunto arquitetônico pode ser avistada a Serra do Umbuzeiro, um destino da zona rural de Paulo Afonso (BA) que proporciona trilhas e vistas panorâmicas de grande beleza. Segundo o historiador e escritor João de Sousa Lima, as casas e a capela foram construídas por dona Generosa em 1900, que contratou pedreiros de Pernambuco para fazer o adobe, pois na região se erguiam imóveis apenas de taipa. Tudo aquilo “forma um dos mais espetaculares conjuntos arquitetônicos”, acrescenta Lima.
As casas de alvenaria foram construídas no meio de um sertão árido típico e por isso mesmo é impossível passar por ali sem prestar atenção nelas. Poucas paredes ainda estão de pé, as quais se destacam pela espessura e formato, em contraposição à taipa usada normalmente naquela época e lugar. Ainda segundo João de Sousa Lima, Dona Generosa não teve filhos naturais e construiu ali mesmo outras três casas para os seus filhos adotivos.
Reza a lenda que o perfume usado por Lampião era tão forte que todos se escondiam quando percebiam a sua presença pelo cheiro vindo da Serra do Umbuzeiro. Era quando Dona Generosa sabia que o bando estava chegando e preparava os bailes (que por isso ficaram conhecidos como “bailes perfumados”), para recepcioná-lo em sua casa.
Dona Generosa era uma das maiores coiteiras de Virgulino Ferreira em terras baianas. Poderosa e rica fazendeira, era dona de um dos maiores rebanhos de caprinos da região no início do século 20. “Quando os meninos desciam a serra para o baile aqui na casa de minha avó, dizem que dava para sentir o cheiro do perfume deles de longe…”, conta o Seu Agenor, último remanescente da família e que ainda mora no local.
Visitar a Vila da Dona Generosa é, portanto, uma forma de estreitar laços com personagens e episódios importantes da história do cangaço na Bahia. Hoje em ruínas, o local ainda guarda a sua beleza e imponência original e é de passagem obrigatória para quem vem da Casa de Maria Bonita (situada a cerca de 13km do local) pela estrada de terra. Ou então, para quem está indo para a Casa de Maria bonita a partir do povoado do Riacho. Em todo caso, o lugar merece uma parada para sentir e respirar um pouco do aroma dos bailes perfumados que eram tão apreciados pelo Rei do Cangaço e os seus companheiros. Assim, vale muito a pena reservar uma manhã ou uma tarde para fazer este circuito do cangaço pela zona rural de Paulo Afonso, com paradas para conhecer a Vila de Dona Generosa e a Casa de Maria Bonita.
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