Descoberto em 2014, o Sítio Arqueológico de Rajada rapidamente se tornou uma atração turística na região. Daí a imensa curiosidade que todos têm em conhecer o local, distante apenas 80km do centro de Petrolina (PE).
Tanta expectativa, no entanto, pode ser facilmente frustrada, pois as famosas gravações em pedra, ainda não estudadas adequadamente, encontram-se submersas a maior parte do tempo (nas águas do açude local) e por isso só podem ser vistas quando o nível das águas do açude estiver muito baixo.
Por outro lado, se o nível estiver muito alto, será impossível chegar de carro nas margens do açude. Assim, conhecer a situação das águas do açude é fundamental para saber se será ou não possível ver as gravuras que ocupam uma formação rochosa situada no centro do mesmo.
A viagem até lá, no entanto, não precisa ser perdida caso não seja possível ver as gravuras do sítio arqueológico. Um pouco mais adiante, por uma estrada de terra, é possível conhecer um lindo parque natural formado por uma imensa quantidade de cactos que embelezam a paisagem de forma impactante.
“Foi por acaso que decidimos conhecer os povoados do interior de Rajada. Depois de sair do Sítio Arqueológico, que fica no Açude das Pedras e conhecer o Professor Alberto e seu filho, o esperto garoto Samuel, fomos motivados a seguir até o povoado de Manteiga, e não demorou para termos muito a contemplar das belezas do Sertão; ao encontrarmos um cenário da caatinga, com um exuberante jardim natural de Xique-Xique (Pilosocereus gounellei)”, comenta a professora Ana Rita Santos, do IF-Sertão.
“Um sentir é do sentente, mas o outro é do sentidor” já disse Guimarães Rosa, no magnífico romance “Grande Sertão: Veredas”. Tentando absorver a mesma subjetividade sobre a caatinga, proporcionada por este livro, deslumbramento foi a sensação de estarmos rodeados de plantas de Xique-Xique, uma cactácea que dominava a mancha de solos rasos, à beira da estrada, proporcionando uma fisionomia da caatinga naquele lugar, de grande beleza, proporcionadas, também, pela coroa-de-frade, uma cactácea do gênero Melocactus, que também ocorre no local.
A distribuição das plantas, de tão perfeitamente ordenada, formam um belo jardim, adornado por seixos coloridos e afloramentos rochosos. Uma obra da natureza, localizada à beira da estrada que liga Rajada a povoados, como o de Manteiga. Esta é uma vantagem para aqueles que pretendem visitar o local, seja para simples contemplação, estudos científicos ou mesmo utilizar o lindo cenário como locação para books fotográficos. Esta mesma vantagem, em termos de logística e localização, deixa o local em situação de vulnerabilidade, quanto ao risco de destruição da vegetação e do solo.
É um excelente local para quem desejar conhecer um cenário da caatinga e experimentar a sensação de ter contato com a vegetação e outros elementos do lugar. Para quem quiser conhecer ainda mais, vale a pena seguir por uma estrada de terra à direita, logo depois do local onde ficam os cactos, e seguir de volta em direção ao asfalto, passando por lindas locações do interior. São cerca de 15km de percurso, que conduz de volta à BR-407, num ponto que fica cerca de 10km antes de chegar em Rajada. Desta maneira, é possível encurtar um pouco à viagem de volta a Petrolina (PE), se este for o caso.
No caminho da estrada de terra, além das belas paisagens, é possível conferir o Caldeirão, espécie de mini açude natural de pedra que, por juntar água da chuva, serviu durante muitos anos como lugar para lavagem das roupas das moradoras do lugar. Há também a Pedra do Caboclo, com gravuras estampadas em baixo relevo, e o Corredor das Pedras.
Todo o circuito (chegada em Rajada vindo de Petrolina, percurso pela estrada de terra e visitação das atrações locais) pode ser feito em menos de oito horas, e por isso constitui uma excelente opção para quem deseja passar um dia diferente, mantendo estreito contato com a caatinga nas proximidades da urbanidade.
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