Perto de completar 30 anos de idade, Roniclésio (mais conhecido como Roninho) achou que deveria fazer uma comemoração diferenciada da data. Neste momento, ele decidiu fazer uma grande festa, voltada para a comunidade dos vaqueiros do local.
O ano era 2017 e de lá para cá o evento se tornou parte do calendário das festividades dos vaqueiros de Juazeiro (BA). Em 2019, no final de agosto, foi realizada a terceira edição da festa e tudo indica que, pelas dimensões e pela divulgação, permanecerá no calendário local por muitos e muitos anos.
O lugar, conhecido como Fazenda Gavião, fica na zona rural de Juazeiro, entre a BA-210 (que vai para Sobradinho) e a BR-407 (que vai para Salvador). Ela é de propriedade de Roniclésio e do seu pai, e é ali que acontece a missa, o desfile, a pega de boi e depois o forró. Para chegar lá o melhor caminho é entrar no bairro Dom José Rodrigues, em Juazeiro, e depois seguir por uma estrada de terra até chegar ao destino. O caminho é bom e pode ser feito sem nenhuma dificuldade. No trajeto, uma imensa usina de energia solar, situada do lado esquerdo da estrada, chama logo a atenção dos que por ali passam. A Fazenda Gavião fica um pouco mais adiante.
A festa reúne uma boa quantidade de vaqueiros, entre encourados e não-encourados, além de um público de curiosos e moradores, que vão chegando desde cedo dos mais diversos locais, como Sobradinho e Carnaíba do Sertão. Por volta das 10h, quando uma boa quantidade deles já chegou, a conversa animada se espalha pela grande área onde será realizada a missa, logo tem início um curto desfile (de cerca de 1km de extensão), encabeçado, como é de praxe, pelos vaqueiros encourados. Em seguida começa a missa, debaixo dos tradicionais toldos que abrigam o padre, o coral, os músicos, as crianças e os mais idosos. Os vaqueiros assistem à missa montados nos seus cavalos, debaixo do sol.
Terminada a missa é servido um grande almoço gratuito para todo o público presente. É neste horário que se formam rodas de amigos e a conversa segue de forma animada, muitas vezes embalada pelo som de alguma cantoria. Alguns vaqueiros preferem almoçar um pouco mais afastados da sede da fazenda, na sombra de algum arbusto juntamente com os companheiros mais próximos e os seus animais.
Logo depois do almoço o público se desloca para as imediações, onde acontece uma grande pega de boi no mato. Os vaqueiros se inscrevem e as corridas se estendem até o final da tarde, debaixo de muita emoção e torcida. O cenário da caatinga é marcante, assim como é a visão dos vaqueiros encourados que se dedicam ao máximo, muitas vezes com risco para si mesmos, a trazer o colar do boi no menor tempo possível. A luz fica dourada, a poeira é onipresente e a tarde vai caindo na medida em que o locutor anuncia os últimos competidores e o resultado final.
O dia pode ter terminado, mas a festa ainda não. Na verdade, boa parte do público chega apenas neste horário para o forró que começa logo depois da pega de boi e se estende pela noite adentro. Muitos dos vaqueiros que chegaram cedo, inclusive, retornam para as suas casas apenas de madrugada, guiados pela luz da lua e depois de aproveitar a parte mais animada da festa.
Participar da Festa dos Vaqueiros da Fazenda Gavião é uma excelente oportunidade para vivenciar, num mesmo dia, os principais elementos da cultura do vaqueiro sertanejo: a missa, o desfile, a pega de boi e o forró. O dia é intenso e a experiência muito marcante.
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