A cidade de Canudos (BA) que existe atualmente é a terceira cidade de mesmo nome na mesma região. A primeira, uma espécie de aldeia fundada no século XVIII nas margens do rio Vaza-Barris, acabou sendo ocupada por Antonio Conselheiro e os seus seguidores entre os anos de 1893 e 1897.
O arraial, naquela época, era também conhecido como Belo Monte e abrigava cerca de 25.000 habitantes.
Destruído pelas forças do governo em 1897, naquela que ficou conhecida como a Guerra de Canudos, uma nova cidade foi construída, a partir de 1910, no mesmo local onde se encontravam as ruínas da antiga Belo Monte, atraindo sobreviventes da chacina e pessoas seduzidas pela fama de Antonio Conselheiro e do local.
Na década de 1940, a partir de uma visita do então presidente Getúlio Vargas, foi tomada a decisão de se construir um grande açude no exato lugar onde Canudos estava sendo reconstruída. Não se sabe se tal decisão foi motivada apenas pelo desejo de criar um reservatório que pudesse melhorar o abastecimento de água na região, mas o fato é que a construção do açude pareceu também muito conveniente no sentido de apagar de vez as lembranças dos fatos históricos associados a Antonio Conselheiro e os seus seguidores. Na iminência de se tornar um lugar de peregrinação e adoração, por motivos políticos e religiosos, havia um certo sentimento de que apenas uma decisão radical pudesse por fim definitivo à quaisquer possibilidades desta natureza.
Assim é que teve início, em 1951, a construção da barragem (hoje situada no município vizinho de Euclides da Cunha) e a formação do lago artificial de Cocorobó, com a retenção das águas do Vaza-Barris. Com isso, a segunda Canudos ficou submersa a partir de 1968, os seus antigos habitantes tiveram que se mudar para outros municípios e uma terceira Canudos, a que existe atualmente, foi fundada em 1985 nas proximidades. Uma pequena parte da segunda Canudos acabou ficando fora da área inundada e hoje pode ser visitada, sendo conhecida como “Canudos Velho”.
A represa é uma das atrações da atual Canudos. É possível chegar de carro até as margens da mesma, caminhar sobre uma passarela de metal, dar a volta até onde estão localizadas as ruínas da igreja de Santo Antonio e até fazer passeios de barco pelo interior do açude. Quem quiser ter uma vista ainda mais impactante do açude (e de toda a região) poderá subir (a pé) até o alto da Serra do Cocorobó, numa trilha que exige um pouco de esforço físico, mas que é altamente recompensadora. Outra linda vista do açude, e mais fácil de se chegar, pode ser obtida a partir do Mirante de Canudos.
O nível das águas do açude varia conforme a época do ano e o grau da estiagem. Em épocas de seca forte, quando o nível fica mais baixo, é possível ver as ruínas da antiga Canudos emergindo das águas (como é o caso das ruínas da igreja de Santo Antonio). Quando o nível aumenta, fica tudo coberto pelas águas e as ruínas ficam escondidas.
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