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Meteorito de Bendegó

Não é todo dia que cai um meteorito no Brasil ou no mundo. Em 1784 (alguns autores consideram 1774) caiu um na zona rural do município baiano de Monte Santo, próximo de Canudos (BA).

Conhecido como Meteorito de Bendegó, por causa de um riacho que passa nas proximidades, o meteorito é, até hoje, o maior que já caiu em solo brasileiro. Na época da queda era o segundo maior do mundo. Atualmente, é o décimo-sexto.

Pesando mais de cinco toneladas (exatos 5.360 quilos), o Meteorito de Bendegó é composto principalmente de ferro e níquel. A ordem para a remoção do mesmo do local da queda (e para que fosse levado para Salvador) foi emitida pelo então governador em 1785. As dificuldades de transporte, no entanto, fizeram com que o mesmo caísse no leito seco do riacho Bendegó, a cerca de 180 metros do local da queda original, onde permaneceu por mais de 100 anos, até 1886. Foi quando o imperador Dom Pedro II tomou conhecimento da existência do mesmo e ordenou o seu traslado para o Rio de Janeiro, uma viagem repleta de incidentes e que é considerada, até hoje, uma das mais complexas tarefas de transporte de todo o império.

O meteorito chegou no Rio de Janeiro em 15 de junho de 1888 e foi recebido por ninguém menos do que a Princesa Isabel. Originalmente abrigado no Arsenal de Marinha da corte, o meteorito foi posteriormente transferido para o Museu Nacional, também no Rio de Janeiro, onde sobreviveu ao grande incêndio de 2018.

Antes disso, a comprovação de que de fato se tratava de um meteorito veio apenas em 1810, com a ajuda da Real Sociedade de Londres. Um artigo publicado por ela em 1816 traz relatos sobre esta pedra encontrada no Sertão baiano. Pouco depois, em 1820, dois naturalistas alemães foram conhecer a pedra in loco, e conseguiram remover alguns fragmentos, o maior dos quais se encontra atualmente no Museu de Munique.

Com dimensões aproximadas de 2,20m x 1,45m x 0,58m, o meteorito deu origem à quatro réplicas em materiais diversos (como madeira e gesso) que estão em Paris, Monte Santo, Salvador e Feira de Santana.

Ir até o local da queda do meteorito não traz vantagens óbvias do ponto de vista visual. No local onde o meteorito caiu existe apenas uma pequena depressão no solo, que está sendo rapidamente coberta pela poeira, terra, vegetação e galhos secos que emanam da caatinga. Não é improvável que, em poucos anos, não exista no local mais nenhum vestígio deste importante fenômeno natural.

No local, infelizmente, não há nenhuma placa indicativa de que ali, há muitos anos, caiu o maior meteorito em solo nacional. Some-se a isso a dificuldade de acesso ao local, e é fácil concluir que apenas os realmente interessados e obstinados é que conseguirão chegar até lá, fazendo um percurso de cerca de 50km desde o centro de Canudos (BA), dos quais 30km são de asfalto e outros 20km são de terra, sem nenhum tipo de sinalização para o destino.

Ir até lá, no entanto, pode trazer outras recompensas, especialmente para quem se interessa pelo meteorito e pela sua história ou, de forma mais abrangente, para quem deseja usufruir de um caminho repleto de lindas casas, pequenas igrejas e cemitérios ladeados por uma flora típica da caatinga. Mais impressionante, no entanto, é constatar que o local da queda ainda está repleto de pequenos fragmentos do meteorito, os quais podem ser recolhidos sem nenhum tipo de restrição.

Uma manhã ou uma tarde, para quem está em Canudos (BA), são suficientes para ir e voltar até o local da queda do Meteorito de Bendegó. Quem quiser conhecer o local de perto deverá fazê-lo logo, já que o prognóstico em relação à sinalização ou à preservação não é nada promissor.

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