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Nego D’Água

A lenda do Nego D’Água não é contada apenas no entorno das águas do Rio São Francisco. Ao contrário, ela existe também em outras regiões ribeirinhas do Brasil, como é o caso do rio Tocantins e outras no sudeste, sul e centro-oeste.

O Rio São Francisco, em particular, abriga, em Juazeiro (BA), uma estátua em homenagem a este personagem que faz parte da cultura regional e é também conhecido como Caboclo D’Água em outros lugares.

Reza a lenda que o Nego D’Água é um personagem que habita o rio e aparece para pescadores e frequentadores. O seu aspecto físico é o de um negro, careca, com pele escamosa, mãos e pés de pato com garras afiadas, membranas entre os dedos, orelhas pontudas e perfil atlético. Em síntese, um híbrido entre um ser humano e algum tipo de anfíbio.

Bem-humorado e perverso, ele habita o rio, de onde raramente se ausenta, e se diverte assustando pescadores e pregando peças em crianças e incautos. Segundo a lenda de origem desconhecida, ele chega a derrubar a canoa dos pescadores que se recusam a lhe fornecer peixe, fumo e/ou cachaça. Além disso, ele também gosta de quebrar linhas e anzóis, furar redes de pesca e assustar as pessoas. Por causa disso, muitos pescadores, ainda hoje, jogam uma garrafa de cachaça nas águas como forma de aplacar a ira do Nego D’Água e evitar que ele lhe cause problemas. Há, também, quem afirme já tê-lo visto.

A estátua do Nego D’Água de Juazeiro é uma obra do artista Ledo Ivo Gomes de Oliveira. Com mais de 12 metros de altura, ela se apresenta imponente e vigilante sobre as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Feito de cimento e ferro, ela foi idealizada em 1999 e colocada nas águas do rio em 2003. Naquela época, ela ficava literalmente rodeada pela água do rio e descansando sobre o leito do mesmo. Com a diminuição no nível do rio, nos anos posteriores, a estátua pode hoje ser alcançada por terra a partir da comunidade de pescadores do Angari em Juazeiro.

Considerado um protetor das águas por alguns, e um tormento das águas por outros, o fato é que ninguém quer encontrar com o Nego D’Água. Mas se um dia você estiver navegando pelo Velho Chico e escutar gargalhadas altas e estridentes sem origem definida, procure logo a sua oferenda antes que a próxima vítima seja você e o seu barco.

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