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Engenhos de cana-de-açúcar

Os tradicionais engenhos de cana-de-açúcar são cada vez mais raros no Brasil. Com a moagem feita por tração animal, geralmente bois, e voltados principalmente para a produção artesanal da rapadura, eles estão sendo substituídos por instalações mais modernas, geralmente em áreas urbanas, e utilizam a eletricidade como força motriz.

No entanto, na zona rural das cidades baianas de Senhor do Bonfim e Jaguarari ainda é possível conhecer alguns destes antigos engenhos, que parecem resistir à passagem do tempo e ainda se encontram em plena atividade.

Construídos entre as décadas de 1960 e 1970, eles são administrados pelas mesmas famílias ao longo de décadas e tem uma produção manual e pequena, mas que garante a sobrevivência das mesmas. A moagem é feita por prensas acionadas por bois, e depois a garapa, como é chamado o caldo extraído da cana, é enviado para tanques, de onde passa para o cozimento em tachos de cobre colocados em fogões a lenha, construídos sobre o solo. As instalações são pequenas e modestas, o chão é de terra e um pequeno telhado protege do calor forte e das chuvas, que nesta região são relativamente frequentes.

Para chegar até os engenhos, deve-se seguir pela BR-407 até cerca de 4,2km depois de Jaguarari (BA). Ali existe uma saída à direita, para o distrito de Carrapichel, que deve ser tomada. Depois de percorrer algumas ruas de paralelepípedos, pelo centro de Carrapichel, há uma estrada de terra ao longo da qual existem três engenhos. O mais distante fica a cerca de 10km do início da mesma.

Os dois primeiros engenhos que são encontrados nesta estrada ficam no município de Senhor do Bonfim, respectivamente nos distritos de Curadeira e Mulungú. O terceiro fica em Jaguarari, no local conhecido como Cachoeira. A estrada não é das piores, mas não é recomendada para carros baixos. Além de pedras, ela é estreita e tem muitas subidas e descidas. Por isso, sugere-se fazer o caminho em algum utilitário, de preferência com tração nas quatro rodas.

Além dos engenhos propriamente ditos, a visita proporciona paisagens serranas de grande beleza com muito verde. Não menos importante, há uma grande chance de se encontrar com os proprietários dos engenhos que, apesar de não funcionarem diariamente, estão sempre ali ou nas proximidades, onde moram. Então, uma boa conversa poderá revelar muita coisa interessante sobre a vida, o trabalho e a obra destes senhores de idade que fizeram a sua história com os engenhos de cana-de-açúcar que habitam o imaginário coletivo.

Nas proximidades do terceiro e último engenho existe uma cachoeira que pode ser visitada. Trata-se da Cachoeira dos Bete, cujo volume de água não é grande e varia bastante ao longo do ano, mas que forma um simpático conjunto aquático com um pequeno lago, rochas e vegetação no entorno. Um bar vende água, cerveja e petiscos para os visitantes. Um pouco antes da entrada para a cachoeira, um outro bar também oferece apoio. Para quem estiver em Petrolina (PE) ou Juazeiro (BA), basta pegar a estrada logo cedo para conseguir fazer o roteiro completo, incluindo os três engenhos e a cachoeira, e estar de volta ainda durante o dia.

Quem gosta de aventura poderá seguir a estrada de terra até o final, chegando ao centro de Jaguarari (veja o mapa alternativo). Outra opção é iniciar o percurso em Jaguarari, com destino à Carrapichel, passando pelos engenhos citados aqui. O terreno não é bom, mas se a prefeitura tiver passado uma máquina, então torna-se possível fazer o caminho com um veículo alto. Por isso, antes de tentar esta possibilidade, é bom se informar na região se as condições da estrada são boas. Caso contrário, deve-se optar pelo caminho mencionado anteriormente, que inicia em Carrapichel. Sendo possível fazer o trajeto inteiro, trata-se de um percurso lindo, que segue por entre as serras de Senhor do Bonfim e Jaguarari. Ao longo do caminho é possível vislumbrar cenários de grande beleza natural pontuado por algumas poucas casas, com muitas árvores frutíferas, entre elas jaqueiras, abacateiros e bananeiras.

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