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Cavalhada Zeca Miron

Inspirada nas tradições ibéricas medievais, a Cavalhada Zeca Miron faz parte da programação da Cavalgada à Pedra do Reino, evento que movimenta São José do Belmonte e o sertão de Pernambuco, sempre no último final de semana de maio.

Introduzida no Brasil pelos portugueses no século XVI, a cavalhada é uma festa popular que ainda resiste em alguns locais do país e São José do Belmonte (PE) é um deles. Nela, duas equipes, representando mouros e cristãos (simbolizados respectivamente pelas cores azul e vermelho), participam de jogos montados em cavalo, cujo objetivo é determinar qual rei (mouro ou cristão) poderá coroar a rainha.

Zeca Miron foi um vaqueiro e mestre de cavalhada que idealizou o evento em 1996. Amigo de Ariano Suassuna, foi graças à influência deste último que a Cavalhada passou a fazer parte da programação da Cavalgada à Pedra do Reino desde então. O nome Cavalhada Zeca Miron foi adotado apenas em 2003.

A concentração para a Cavalhada inicia às 14h do último sábado de maio (véspera da Cavalgada à Pedra do Reino) em frente à igreja Matriz. Ali se reúnem a rainha, os dois reis que disputam a sua coroação (um mouro e outro cristão), as respectivas equipes de competidores, porta-estandartes, mascarados e centenas de curiosos. Dali, a comitiva sai em desfile pela cidade até o seu destino final, o estádio municipal O Carvalhão, onde acontecem as disputas. No caminho, em frente ao Castelo Armorial Reino Encantado, acontece o encontro com as meninas que representam as floristas e as damas de honra das duas equipes. Juntos, todos seguem até o estádio.

A entrada das equipes no estádio tem início às 15h e é narrada em alto-falantes com grande emoção. Todas as alas são anunciadas individualmente e isso contribui para animar ainda mais a plateia, a esta altura completamente lotada de torcedores, familiares e simpatizantes. Logo depois iniciam as homenagens e as disputas a cavalo sobre terreno empoeirado. Nestas, duplas de cavaleiros (sempre um mouro e um cristão) tentam retirar argolinhas de um suporte e, depois, jogar a sua lança por cima do mesmo, recuperando-a do outro lado, ainda em movimento. As pontuações vão se somando e a equipe vencedora é anunciada ao final.

A competição é animada por uma banda de pífanos e músicas gravadas (composições armoriais e outras de talentos locais), além das falas do narrador. A plateia, de todas as idades, se divide na torcida apaixonada por uma das equipes.

Depois de anunciado o resultado, acontece a coroação da rainha pelo rei da equipe vencedora. Todos se retiram do estádio e tem início o desfile de volta. O público se dispersa e a maioria retorna para as suas casas. Já é final de tarde, e as cores saturadas da tarde vão se perdendo na escuridão que se aproxima.

Para conhecer mais sobre a Cavalhada Zeca Miron, a mais importante referência é o livro “Cavalhada Zeca Miron” (2006), de autoria do médico, escritor e historiador Ernando Alves de Carvalho. Com uma profunda pesquisa que se inicia nas origens da mesma em Portugal, passando pelas diversas cavalhadas existentes no Brasil e se debruçando sobre a Cavalhada Zeca Miron em particular, Ernando fez um trabalho de inestimável valor histórico e cultural.

Apesar de a concentração para a cavalhada iniciar às 14h, vale a pena chegar ao local (em frente à igreja Matriz) um pouco antes pois, a partir do meio-dia, ali se apresentam os bacamarteiros de São José do Belmonte, devidamente trajados e com tiros e explosões de grande impacto. Uma outra atração imperdível desta festa incrível.

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